sexta-feira, 16 de março de 2012

Descrição da Tarde Sincera


O rio serpenteia;
 As nuvens formam rostos
 zangados
 a quem conto segredos de vidas
 que nunca vivi.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A Pequena Ana



Ana era uma garota pequena, mas tão pequena que era assombroso tocar seus braços, que se partiriam e virariam cacos de gente. Um dia ela disse qualquer coisa de amor. E não era possível acreditar que num ser tão pequeno cabesse qualquer sentimento muito grande. Talvez um dia ela não suportasse, mas ela sumiu como é da natureza das coisas pequenas. E foi isso.


***

Antes de sumir por completo como coisa pequena, Ana noivou um homem. Nada coube senão uma longa fita branca que foi seu vestido. Mas Ana que já havia saboreado amor e não lhe coubera decidiu não sentir mas ser sentida, foi assim que o amor sentiu Ana, e Ana sentida no amor ficou grande, a fita ficou pequena no que se seguiu e foi preciso a bruma de todo um lago.


***


Soube que, também antes de desaparecer, Ana decidiu morar numa caixa de fósforos com seu noivo, quando já grande no amor mas descobriu que ainda era pequena por fora. Todo domingo ele acendia um fósforo, a luz a ofuscava. Um dia porém sem fósforos ele a acendeu e ela o ofuscou, sorrindo, era verdade então que no amor não era só grande mas era luz, luz que não pode ser grande mas pode ser forte, que se espalha – Ana se espalhou por ele e fugiu da caixa num brilho no escuro, e se dissipou na noite. Mas ela ainda não havia sumido por completo.



(também em improperiomusical)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Explicação



Eu queria te dizer algo mas as palavras foram se fundindo, até que as palavrasjánãofaziamsentidoeficaramperdidasneostpeaçmopo












(também em impropério musical)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Hoje não vim para escrever poesia. Na verdade, vim sim. A vida de qualquer pessoa é uma longa poesia, pode ser épica, pode ser moderna, pode ser até um simples manifesto visual, mas todas as poesias vitais são as mais belas do mundo.
O mundo é uma grande poesia, assim como um quadro trágico é poesia. Pode soar cacofônico para aqueles cujos ouvidos ouviram essa poesia gritada, pode soar macio para aqueles que ouviram a poesia como canção de ninar. É uma poesia heroica para aqueles que são heróis, que querem escrever com suas próprias mãos um verso, quiçá uma estrofe grandiosa.
Uma pessoa é um poema vivo... tal como me senti quando, aos 11 anos, li "José" pela primeira vez, existem pessoas que mudam a sua vida inteira com um punhado de palavras dispostas da maneira correta (ou incorreta). Carlos Drummond era poesia viva. Eu sou poesia viva, tão complexa quanto Carlos, mas sem seu poder de expressão.
Há pessoas que cultivam sua existência parnasiana nessa vida. São uma inspiração linda, porém sem significado. Há pessoas de verso branco que levam suas infinitas cores e pintam um arco-íris na nossa cabeça.
Você já leu sua própria poesia? Achou que não estava boa, que estava mal escrita? Tá na hora de escrever a estrofe que a transformará em uma obra-prima.


(joguei tudo o que estava na minha cabeça agora, deve ter saído um bolo.)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Reflexão.

O sol refletiu na água,
no dia quente de Verão.
Por um segundo fiquei cega,
e achei que nunca mais
o veria outra vez.
Mas foi só um segundo da mais Doce ilusão.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011